Com a suspensão dos voos noturnos no principal aeroporto do Rio Grande do Norte, todos perdem: a população, as companhias, os funcionários, o turismo e a economia locais . Mais uma notícia a trazer preocupação para os potiguares. O jornalista Jean Valério escreveu um artigo em que aborda essa questão e suas consequências para o estado. Leia a íntegra do texto:
RN sem aeroporto noturno, com prejuízos e sem culpados
Por Jean Valério
É com muita preocupação que os empresários do turismo no Rio Grande do Norte receberam a notícia da suspensão dos voos noturnos do Aeroporto Internacional Governador Aluísio Alves, em São Gonçalo do Amarante.
As companhias aéreas já foram oficializadas que, no período entre 10 de setembro e 15 de outubro, não poderão realizar pousos e decolagens durante a noite. É que o Consórcio Inframérica, responsável pela gestão do aeroporto, realizará uma obra de manutenção da pista de pouso.
A TAP Portugal, única companhia aérea que opera voos diretos de Natal para a Europa, já suspendeu todas as suas atividades no aeroporto durante o período noturno. Nosso destino não está mais no sistema da companhia.
Empresas exportadoras do Estado que utilizam o terminal de cargas também estão refazendo planos e logística. Os prejuízos são enormes. E devem ir além do prazo de interdição da pista. Há temor de que as companhias não retomem voos que já não possuem boa rentabilidade.
Há algumas perguntas que precisam de respostas imediatas:
– Quem responderá pelos prejuízos causados ao turismo e às exportações do Rio Grande do Norte?
– Quem vai fiscalizar e punir os responsáveis pela construção da pista de pouso defeituosa?
– A empresa que venceu o leilão de concessão do aeroporto foi negligente ao receber uma pista mal feita?
Há ainda muitas outras dúvidas e pontos obscuros que envolveram a construção e concessão do novo aeroporto. Faltou transparência e sobrou pressa, sob a justificativa da realização da Copa do Mundo de 2014.
Nenhum potiguar engoliu ainda a desativação do tradicional Aeroporto Internacional Augusto Severo, em Parnamirim, que passou por diversas reformas e inclusive foi premiado como o melhor do Brasil, em muitas oportunidades.
Episódios como este evidenciam a falta de transparência do poder público e a ausência de participação da população, inclusive nas decisões de venda do nosso patrimônio público.
Enquanto isso, as empresas detentoras dos direitos de exploração dos serviços aeroportuários continuam lucrando, em detrimento dos benefícios coletivos para a sociedade.
Pobre Rio Grande do Norte.
