Após os donos da JBS oferecerem em acordo de delação premiada uma gravação em áudio na qual o presidente Michel Temer (PMDB) dá o aval para a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e indica o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver uma pendência da empresa, o futuro do presidente da República parece incerto.
Temer admite o encontro, mas nega ter autorizado “qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar”. Diante da repercussão do caso, deputados da oposição já protocolaram na Câmara um novo pedido de impeachment contra o presidente.
Confira abaixo os possíveis cenários para os próximos dias:
Impeachment
Tão logo o conteúdo das delações da JBS vieram à tona, um pedido de impeachment de Michel Temer foi protocolado na Câmara. Até agora, a despeito de alguma dificuldade na reforma da Previdência, o presidente vinha mostrando domínio total sob sua base de sustentação na Câmara e no Senado. As novas revelações, contudo, minam a credibilidade de um presidente já impopular e pode corroer seu apoio parlamentar.
Renúncia
Jamais um presidente da República foi gravado autorizando o pagamento de propina. Alçado ao cargo por força do impeachment de Dilma Rousseff, com oito ministros sob investigação da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal e um baixo índice de aprovação popular, Temer vive um momento de grave fragilidade política e jurídica. Renúncia é um ato pessoal. Sentindo-se encurralado, Temer pode recorrer ao expediente.
Cassação no TSE
Marcado para 6 de junho, o julgamento da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral diz respeito a suposto abuso de poder político e econômico nas eleições de 2014. Tecnicamente, nenhum fato estranho ao processo deve ser analisado pelos ministros no julgamento do caso. Portanto, juridicamente as novas acusações contra Temer não entram no processo. Não há como evitar, contudo, que o julgamento seja contaminado pela turbulência do atual ambiente político de Brasília.
Manutenção no poder
Em um ano de governo, Michel Temer encontrou seu maior esteio no Congresso. A lenta recuperação da economia, as denúncias da Lava-Jato e a escassez de apoio popular foram suplantadas pela farta base de sustentação parlamentar. Não seria estranho, portanto, que Temer se escore no suporte de deputados e senadores aliados para tentar atravessar o temporal político. Nesse cenário, contudo, seria difícil aprovar as reformas. Seria um governo de transição, mas moribundo.
Fonte: Zero Hora