Nossa Coluna

CRÔNICAS DA VIDA

Vagando pelo Face nesta manhã, encontrei essa crônica excelente do nosso querido escritor do cotidiano Dalton Melo de Andrade, que em 2016 lançou o livro de crônicas “MEU OLHAR SOBRE A VIDA”, pela Editora Jovens Escribas. Como vi que é uma realidade no nosso mundo DE BEM COM A VIDA…, pedi licença para transcrever no nosso portal. Vamos ao banho enquanto é tempo.

O Banho

Dalton Mello de Andrade

Acho que quase nada se escreve sobre o banho. Uma função obrigatória, que você tira de letra quando jovem, mas que vai se complicando à medida que você avança na idade.

Na minha idade, é quase um sacrifício. Tomo dois banhos por dia, um pela manhã e um antes de dormir. Não consigo dormir sem ele. Mas, confesso, está cada dia mais complicado.

Tenho tentado comentar com amigos na minha faixa de idade. Poucos, diga-se, pois a grande maioria deles já foi embora. E, onde estão, provavelmente não precisam tomar banho.

Comento com alguns que ainda estão por aqui as dificuldades, para ver a reação deles. Um deles toma banho frio! Super corajoso. Diz que herdou isso da Marinha. Respondo, loucura, não consigo nem botar a mão na água fria! Um outro, diz que toma um banho por dia e não sente necessidade de outro. Como raramente sai de casa, diz que não sua, não se sente sujo e dois banhos é exagero.

Como disse, tomo sempre dois banhos e o banho em si, não é problema, desde que a água esteja quente. No banheiro, tenho um suporte na parede onde me sustento. Isso me ajuda a manter o equilíbrio. Também tenho tapetes antiderrapante tanto na área do banheiro como fora dele. O problema é depois. Enxugar-me é a maior dificuldade. Como fico em pé, e com medo de perder o equilíbrio, tenho que me encostar na parede, o que dificulta meus movimentos. Enxugar os pés é o maior problema. Ainda faço isso de pé, mas já estou pensando em comprar um banco, pois sinto que cada dia me sinto mais inseguro. Alcançar os pés com a toalha é um ato de trapezista.

De qualquer forma, não desisto. Pretendo tomar meus dois banhos enquanto puder me mexer. Sinto que fazem falta, especialmente antes de dormir. Outro dia botei um holter e, cheio de fios, não pude tomar meu banho à noite. De manhã, corri para tirar o bicho e voltei na carreira para tomar meu banho. Vi aí como faz falta.

Portanto, fica aqui o aviso para os mais jovens. Preparem-se, essa facilidade que vocês têm hoje, e que eu já tive, vai diminuindo com a idade.

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