Adoro abrir o face e encontrar os “escritos” do mestre Dalton Melo de Andrade. Nos faz dar um passeio no tempo… Voltei a memória tantos bullyings que passei na minha adolescência e juventude. Já fui chamada de gorda, gordinha, “Chica dos Banquetes”, e por aí vai! Nada disso me fez passar por noites de insônia e muito menos deixar de comer ou sair. Revidava na hora e depois tudo voltava ao normal.
Fui uma jovem mais evoluída para os padrões da época, mas por ser chamada de gordinha, só afetou na roupa de banho. Nunca me senti à vontade para usar um “duas peças ou biquíni” . Mas, voltando ao artigo de Dalton, vamos deixar o meu de lado e curtir a sua sabedoria que passa pelas histórias da cidade, vivenciadas por nós.
Bullying (por Dalton Andrade, no Face)
Conversava com um neto sobre “bullying” nas escolas e lhe disse que isso não era novidade. Já existia no meu tempo, embora com nome diferente: sacanagem, frescura, idiotice, safadeza, entre outros. Comigo, e com o outros colegas, obviamente, aconteceu várias vezes. Lembro que também resolvíamos o problema na porrada. Havia um costume interessante. Você desenhava um risco no chão, seu adversário também, e quem ultrapasse a linha era “filho da puta”. Só assim começava a briga.
E contei-lhe uma história desse tempo. Plena guerra, Natal cheia de americanos, muitas novidades sendo trazidas por eles. Uma delas, sapatos mocassim, que eu achava sensacional e não encontrava em Natal. Mas tinha no PX (supermercado da Base Americana), ao qual eu tinha acesso. pois meio pai construía aqueles galpões enorme, eu trabalhava com ele, e me deram um cartão para comprar lá. Foi lá que tomei minha primeira Coca e comi o primeiro hambúrguer. Mas, voltemos ao sapato. Vi lá o mocassim. Todos grande demais para mim. Só encontrei um que servia, mas o bicho era horrivelmente amarelo. Pensei um pouco, mas a vontade era tão grande que resolvi comprar. As coisas lá eram muito baratas.
No outro dia, chego no Atheneu entusiasmado com o mocassim. A recepção dos colegas foi: “Onde você arranjou esse sapatinho de veado? Isso é coisa de fresco!” Naquele tempo, era uma acusação terrível. Minha reação foi simples. Em vez de discutir com os colegas, me chatear por causa dos comentários, mandei simplesmente pintar o sapato de marrom. Ficou feio, mas usável, sem ser chamado de veado.
Hoje, seria “bullying”, teria entrado na justiça contra os colegas, teria o apoio da imprensa, o diretor do colégio seria responsabilizado, o maior escarcéu. Tudo “politicamente correto”. É a minha vez de dizer: frescura.
