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GILBERTO GIL É ELEITO PARA A ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS

Com 21 dos 34 votos possíveis, o cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil foi eleito hoje para a cadeira número 20 da Academia Brasileira de Letras (ABL), vaga com a morte, em 27 de maio do ano passado, do jornalista Murilo Melo Filho. Os outros dois concorrentes foram o poeta Salgado Maranhão e o escritor Ricardo Daunt.

Os acadêmicos participaram da votação de forma presencial ou virtual, sendo que um deles não votou por motivo de saúde. Os ocupantes anteriores da cadeira 20 foram Salvador de Mendonça (fundador), Emílio de Meneses, Humberto de Campos, Múcio Leão e Aurélio de Lyra Tavares.

O presidente da ABL, Marco Lucchesi, lembrou de uma metáfora oportuna do sociólogo, escritor e político brasileiro Darcy Ribeiro para se referir ao novo imortal da instituição. “Para Darcy, o pássaro da cultura tinha duas asas. Uma delas era erudita e a outra popular. Para que o pássaro possa voar mais longe, ele precisa das duas asas. Certamente, Gilberto Gil é esse traço de união entre a cultura erudita e popular”.

De acordo com Lucchesi, Gil é um intelectual que pensa o Brasil. “Canta e pensa esse país; provou o exílio, em um momento muito difícil da nação; ocupou cargos importantes, como o Ministério da Cultura. Enfim, é um homem poliédrico, que representa parte essencial desses últimos anos do século 20 e do início do século 21. Portanto, ele é um homem que tem muitos traços de união: a política e a poética; século 20 e século 21; a tropicália e o modernismo. Ele é uma figura de extrema riqueza e, certamente, é muito bem-vindo agora como acadêmico, na casa de Machado de Assis”, disse o acadêmico.

Murilo Melo Filho, dono anterior da cadeira de Gil irá ocupar também era membro da Academia Norte-Riograndense de Letras.

Murilo nasceu em Natal e, aos 18 anos, foi para o Rio de Janeiro para ser jornalista. Mas nessa profissão começou muito jovem nas nossas redações. Formou-se também em direito. Trabalhou no jornal católico Correio da Noite e, a seguir, de 1951 a 1959, na Tribuna da Imprensa, onde foi chefe da seção de política. Em 1952, participou da fundação da Manchete, onde mantém até hoje a seção “Posto de escuta”, e de 1955 a 1962 dirigiu e apresentou o programa “Congresso em Revista”, na TV Rio. É coautor dos livros “Cinco dias de julho, Reportagens que abalaram o Brasil” e “O assunto é padre” e autor de “O desafio brasileiro”, “O milagre brasileiro” e “O modelo brasileiro”. Em 1997, lançou Testemunho político. Desde 1965, é diretor-executivo das Empresas Bloch.

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